Lázaro Ramos celebra ‘Ó Paí, Ó 2’: ‘Público não deixou o filme morrer’

Lázaro Ramos celebra ‘Ó Paí, Ó 2’: ‘Público não deixou o filme morrer’

24/11/2023 0 Por Redação

“Estou me sentindo muito privilegiado”, afirma Lázaro Ramos ao falar sobre a oportunidade de voltar a interpretar o cantor Roque, um dos personagens mais marcantes da carreira do artista baiano. Esse reencontro entre criador e criatura acontece depois de 15 anos, em “Ó Paí, Ó 2”, sequência do filme nacional que chega aos cinemas do país nesta quinta-feira (23), com praticamente os mesmos atores do primeiro longa, que fazem parte do tradicional Bando de Teatro Olodum.

Lázaro, que completou 45 anos recentemente, celebra o retorno ao Pelourinho, em Salvador (BA), como Roque e a reconexão com o personagem após tanto tempo. “A primeira coisa foi lembrar que eu tenho joelho, porque eu estou muito mais velho. E as cenas de dança, de música, eu não consigo fazer com a mesma facilidade. A idade chegou para nós todos”, diz ele, aos risos.

Para o ator, a continuação da comédia atende a uma convocação do público, que “não deixou o filme morrer”. “A gente achou que a história estava toda contada, de repente o filme volta com memes, através de compartilhamento de cenas nas redes sociais, em produtos… Outro dia eu vi uma calcinha escrita ‘Ó Paí, Ó’”, conta. “É muito bonito quando uma obra cinematográfica ou de teatro tem esse poder de permanecer na vida das pessoas. Essa alegria do público eu compartilho também”, garante o ator, que também comemora a oportunidade de voltar a atuar com o Bando de Teatro Olodum, de que ele fez parte ainda na adolescência.

“É muito emocionante sempre, principalmente porque, toda vez que volto para o Bando, eu me vejo um menino de 15 anos, que começou a fazer teatro com o grupo, diante dos seus ídolos. Confesso que ainda hoje é assim”, diz ele, que já tem 30 anos de carreira.

 

Força do coletivo

Em “Ó Paí, Ó 2”, Roque se prepara para lançar sua primeira música e está confiante de que a carreira como cantor vai deslanchar. Enquanto isso, o cortiço de Dona Joana (Luciana Souza) continua agitado em meio a fofocas e confusões entre os novos moradores e vizinhos. Mas, diante das adversidades que essa grande família enfrenta, eles se unem ainda mais e, juntos, mostram que a força está na coletividade, com uma mensagem de resistência e empoderamento negro – não à toa o filme estreia no mês em que se celebra a Consciência Negra.

“Eu achei maravilhoso voltar e poder encontrar Mãe Raimunda (Cássia Vale) e Dona Joana e ver como elas se relacionariam agora, ver como é o Roque pai… É o que todos nós estamos vivendo. Todos os personagens agora são pais e mães, trazendo outros temas, como a educação”, destaca Lázaro Ramos.

“‘Ó Paí, Ó’ conta uma história de uma pequena parte de Salvador, mas, ali dentro, cada um dos personagens traz um tema, cada um deles é uma oportunidade que a gente tem de ver o que o Brasil fez com esses temas ao longo de 15 anos”, completa.

Resgate e valorização

A parte musical do filme, segundo Lázaro, é a mais especial para ele. “O Roque representa os grandes compositores que temos na Bahia, e muitos deles sem a visibilidade merecida”, analisa ele, que dá um pequeno spoiler de “Ó Paí, Ó 2”.

“Tem uma cena que me toca profundamente, que é justamente a cena de homenagem a alguns desses compositores. Alguns têm uma grande projeção, como o Pierre Onassis. Mas, ao mesmo tempo, eu tive a oportunidade de dar um abraço em Guiguio, cantor que já foi compositor do bloco Ilê Aiyê. Foi uma cena que a Vivi (Viviane Ferreira, diretora) fez a encenação de quem estaria ali, e não tinha muito texto, até porque esse valor real era o calor da cena. Quando fui fazer a cena e cheguei no Guiguio, eu realmente me emocionei. A voz deu uma embargada porque, no momento de fazer a cena, de me encontrar com ele, entendi ainda mais a importância de você fazer uma homenagem como essa”, comenta.

“Estou me sentindo desafiado”, diz ator sobre viver o Mário Fofoca

Além do reencontro de Roque no filme “Ó Paí, Ó 2”, 2023 também marca o retorno de Lázaro Ramos às novelas, após um hiato de nove anos. O ator está no remake de “Elas por Elas” interpretando o icônico detetive Mário Fofoca, papel que foi de Luiz Gustavo (1934-2021) na primeira versão do folhetim, que foi ao ar há 40 anos.

“Está sendo superprazeroso, apesar de cansativo. Estava desacostumado dessa rotina de gravar seis dias na semana. Mas, ao mesmo tempo, tem sido tão leve que não está importando tanto esse cansaço”, diz. “Estou me sentindo desafiado a fazer esse personagem, que eu sei que é um presente, é icônico”, garante.

Segundo o ator, desde que recebeu o convite, o intuito dele era prestar uma homenagem a Luiz Gustavo. “Eu conheço muito do personagem. Quando eu fiz minha primeira novela, ‘Cobras & Lagartos’ (2006), eu estudei personagens fortes masculinos, e o Mário Fofoca foi um personagem que eu vi muito como referência para o Foguinho”, revela.

“Eu tenho uma grande admiração pelo Luiz Gustavo, e uma das coisas de que eu sinto falta é de tê-lo conhecido. Quando chegou o convite para viver o Mário, eu fiquei radiante, porque é uma oportunidade”, afirma.