Governo de Sergipe oferece tratamento multidisciplinar a pacientes com câncer de mama

Governo de Sergipe oferece tratamento multidisciplinar a pacientes com câncer de mama

16/10/2023 0 Por Redação

Simbolizado pela cor rosa, o mês de outubro traz consigo um alerta sobre o combate e a prevenção ao câncer de mama. Prevalente entre mulheres, a doença deve registrar mais de 70 mil casos em 2023 no Brasil, segundo previsão do Instituto Nacional de Câncer (Inca). Para auxiliar pacientes em tratamento e evitar diagnósticos tardios, o Governo de Sergipe tem desenvolvido um atendimento sensível e especializado por meio da Secretaria de Estado da Saúde (SES), que resulta em histórias de sucesso no tratamento entre pacientes que contam com o acolhimento e o suporte técnico oferecido pela gestão estadual.

No Hospital de Urgências de Sergipe (Huse), equipamento da SES, a equipe de assistência aos pacientes com câncer de mama e outros tipos de câncer é multidisciplinar. Além da equipe médica, com oncologistas e radioterapeutas preparados para executar os tratamentos de quimioterapia, radioterapia e hormonioterapia, outras especialidades profissionais também se envolvem no processo.

“Tem o serviço social, que dá assistência na busca de benefícios; a equipe de fisioterapeutas; a equipe de nutrição; uma equipe de estomatologia para cuidados, por exemplo, com aftas que desenvolvidas durante o tratamento. Toda essa equipe está à disposição das pacientes para acompanhar horizontalmente e paralelamente, para que ela possa aderir adequadamente ao tratamento, evitando interrupções”, explica a oncologista Thaiana Aragão.

A médica descreve o passo a passo de quem chega ao Huse para tratamento oncológico, além de destacar a celeridade no processo inicial. “As pacientes da oncologia clínica chegam com um diagnóstico de neoplasia invasiva ou maligna, após biópsia. Com isso, elas vêm ao balcão de atendimento e marcam a consulta para um oncologista clínico. Esse pedido é passado por uma triagem. Hoje, a gente praticamente não tem mais fila, a paciente consegue seu agendamento com agilidade, passa em uma primeira consulta com um oncologista clínico, que guia os próximos passos: se a paciente vai para a quimioterapia, para a cirurgia oncológica, para a radioterapia”, detalha.

O Ministério da Saúde preconiza que mulheres com mais de 50 anos devem fazer a mamografia anualmente. Para o Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR) e para a Sociedade Brasileira de Mastologia, no entanto, o rastreamento deve se iniciar ainda mais cedo: entre 35 e 40 anos. O diagnóstico precoce e as medidas de prevenção contribuem para maiores chances de cura e tratamentos menos agressivos.

“É necessária a prevenção primária, com hábitos de vida saudável, alimentação adequada e atividades físicas, evitando cigarro e álcool. Também é necessário o acompanhamento médico sem interrupção. Nesse sentido, as políticas públicas de auxílio são muito importantes, para que as pacientes possam acessar condições nutricionais ideais e não precisem continuar trabalhando para sustentar a casa. Essa é a importância do Outubro Rosa, por massificar a informação de que os exames devem ser feitos na faixa etária e na periodicidade adequada, e por mobilizar a sociedade em torno da causa”, frisa Thaiana.

Luta

Edilma Maria dos Santos é aposentada e tem 52 anos, mais de seis deles em convivência com o câncer de mama. Seu diagnóstico veio em janeiro de 2017, depois de um período de dores, incômodos e crescimento anormal no seio. Uma ressonância constatou a metástase e, desde então, Edilma vem recebendo quimioterapia. Ao longo desse processo, passou pela queda de cabelo, inchaço, mal-estar, mas nunca deixou de acreditar na vida.

No passado tendo que recorrer judicialmente para conseguir sua medicação, Edilma destaca a diferença da realidade de então para a de agora. “Hoje, temos uma oncologia exemplar. Estou aqui há seis anos e oito meses. Hoje não falta medicação e não tem mais fila na rádio [radioterapia]. Nosso governador está dando continuidade, e isso é muito bom. Sou muito grata pelo tratamento que recebemos aqui no Huse. Mudou tudo, e eu espero que mude cada dia para melhor, porque é nossa vida. O câncer não espera”, resume.

Edilma compõe um grupo de 12 mulheres que receberam o diagnóstico do câncer de mama e que escreveram um livro contando sua história de luta e sobrevivência. Segundo ela, sua motivação vem da possibilidade de fortalecer outras pacientes. “Eu não tenho medo, eu tenho fé. Já fui desenganada três vezes, mas o câncer nunca me fez chorar. Eu não tirei o câncer, eu convivo com ele. Meu corpo é cheio de cicatrizes. Mas são cicatrizes de luta, de não desistir”, pontua.

Números

De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde, ao longo de 2023 foram realizados 5.191 exames de rastreamento. Também foram feitas 4.092 mamografias no Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher (Caism). Estes números revelam o trabalho do Governo de Sergipe para reverter a quantidade de óbitos e novos casos dos últimos anos.

Em 2022, foram registrados 52 óbitos por câncer de mama, sendo 43 em tratamento clínico, seis com intercorrências no tratamento e três diagnosticadas em urgência. As regiões de saúde com maior incidência de mortalidade são a de Estância e Nossa Senhora do Socorro. Já a faixa etária com maior índice de óbitos é a que vai de 55 a 59 anos.

Para o grupo de 35 a 39 anos, foram registrados seis óbitos em 2022. A tendência, como destaca Thaiana Aragão, é de que mulheres mais jovens sejam acometidas por doenças mais avançadas. Nesse sentido, é necessário atentar para fatores genéticos: se houver histórico na família, há maior probabilidade de incidência. O mesmo ocorre caso a pessoa tenha sido anteriormente diagnosticada com câncer.

No ano passado, 97,94% dos casos de câncer de mama foram registrados entre mulheres. Este número, entretanto, não exclui a possibilidade de que homens manifestem a doença. Também no ano passado, foram registrados 447 novos casos no estado, desconsiderando aqueles em que o diagnóstico tenha ocorrido em anos anteriores. Em relação a 2021, no entanto, a redução foi de 1,5%.

Cura

Ana Carla Dias Cardoso tem 42 anos e é assessora comercial. Em 2019, ela foi diagnosticada com câncer de mama após perceber uma listra branca em seu seio. Seis meses antes, ela já havia passado por exames periódicos que não detectaram qualquer sinal do problema. Segundo Ana Carla, agir com celeridade foi definitivo para que ela alcançasse a cura. “Nós não devemos esperar o Outubro Rosa. Temos o ano todo para nos conscientizarmos e fazer nossos exames. Com certeza, a prevenção cura. Eu estou aqui, curada, por causa disso”, diz.

A assessora comercial, que foi tratada pelo SUS via Secretaria de Estado da Saúde, afirma que o acolhimento foi fundamental em sua trajetória. “Realmente não é fácil, e o acolhimento é muito importante. Todos da SES foram maravilhosos e trouxeram amor, alegria e sustento para gente prosseguir”, ressalta Ana Carla, que, assim como Edilma, contou sua história em livro.

“Foi muito gratificante escrever o livro. Lembro que quis desistir na minha segunda quimioterapia. Foi quando apareceu um grupo que propôs que a gente contasse nossa história. De 56 mulheres, 12 ficaram e escreveram o livro. Em vez de trazer problemas e dor para minha família, preferi pegar o caderno e escrever. Passei tudo para o papel, para poder ajudar outras mulheres. Isso faz parte da cura”, narra.