Inflação desacelera para 0,36% em maio, mas permanece acima da meta do Banco Central

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), considerado a prévia da inflação oficial no Brasil, registrou alta de 0,36% em maio de 2025, conforme divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira (27). Este resultado representa uma desaceleração em relação a abril, quando o índice foi de 0,43%, e é a menor taxa para o mês de maio desde 2020, quando houve deflação de 0,59% .

Com esse desempenho, o IPCA-15 acumula alta de 2,80% no ano e de 5,40% nos últimos 12 meses, abaixo dos 5,49% registrados até abril. Apesar da desaceleração, a inflação acumulada em 12 meses permanece acima do teto da meta estabelecida pelo Banco Central para 2025, que é de 3% com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo .

Principais influências no índice

Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, sete apresentaram variação positiva em maio. Os destaques foram:

Saúde e cuidados pessoais: alta de 0,91%, impulsionada pelo aumento de 1,93% nos preços dos medicamentos, reflexo do reajuste autorizado de até 5,09% desde o final de março .

Habitação: variação de 0,67%, com destaque para a energia elétrica residencial, que subiu 1,68% devido à adoção da bandeira tarifária amarela, resultando em cobrança adicional de R$ 1,885 a cada 100 kWh consumidos .

Vestuário: aumento de 0,92%, com elevação nos preços de roupas femininas (1,56%), masculinas (0,92%) e infantis (0,36%) .

Por outro lado, os grupos de Transportes (-0,29%) e Artigos de residência (-0,07%) apresentaram variações negativas. Em Transportes, a queda foi influenciada principalmente pela redução de 11,18% nos preços das passagens aéreas .

Expectativas do mercado

O resultado do IPCA-15 de maio ficou abaixo das projeções do mercado financeiro. Analistas consultados pela Reuters esperavam uma alta de 0,44% no mês e de 5,49% no acumulado de 12 meses . A surpresa positiva foi atribuída a resultados mais baixos do que o esperado em segmentos como alimentos, bens industriais e serviços.

Apesar da desaceleração, economistas alertam que a inflação ainda está pressionada e acima da meta do Banco Central. O economista Lucas Barbosa, da gestora AZ Quest, afirmou que o IPCA-15 trouxe um número “muito bom”, mas ressaltou que “a gente começa a ver, com esse número de hoje, uma luz no fim do túnel, mas é um quadro de inflação ainda muito pressionado”.

Perspectivas

A desaceleração da inflação em maio é um sinal positivo, mas a manutenção de taxas acima da meta do Banco Central indica que o combate à inflação ainda requer atenção. Fatores como reajustes em tarifas públicas e preços administrados continuam a exercer pressão sobre o índice. O comportamento da inflação nos próximos meses será crucial para as decisões de política monetária e para a recuperação do poder de compra das famílias brasileiras.

Fonte: IBGE